domingo, 27 de julho de 2014

Resenha: O Perfume

Ao pensar em um livro que vai descrever sensações, não dá pra imaginar a genialidade por trás de um título tão simples e direto. Então Süskind aparece e descreve de forma magistral cada situação, cada cheiro e nos leva a quase sentir o que Jean-Baptiste Grenouille está vivendo em cada momento.
A estória se passa na França século XVIII, e conta a vida de Grenouille desde o nascimento conturbado que levou a morte de sua mãe, até o amadurecimento completo de sua genialidade. Sim a mente de Jean-Baptiste é genial.
 Há a seguinte frase no livro: "O poder de convicção do aroma não pode ser descartado, entra dentro de nós como ar em nossos pulmões, nos ocupa completamente por dentro, não há antídoto contra ele" encaixa-se perfeitamente nessa viagem que Patrick Süskind nos guia através das palavras. As descrições dos aromas realmente tomam posse de nossas mentes como se estivéssemos sentindo-os.
Grenouille, uma pessoa completamente interiorizada, fria, sem compaixão que nunca recebera uma demonstração de afeto, nem demonstra sentir falta, ao descobrir sua vocação empenha-se a encontrar o seu perfume e está disposto a fazer o que for necessário para consegui-lo, mesmo que isso envolva tirar vidas inocentes. E consegue, de uma forma quase divina, afinal ele se considera seu próprio Deus.
O Perfume não é uma leitura cansativa, é envolvente e a cada página virada nos induz a querer mais e mais, as informações no decorrer da trama são devidamente dosadas, e a descrição da época em que se passa não deixa a desejar.

sábado, 26 de julho de 2014

Tema 3: O que você costumava fazer, porém agora não faz mais?


 Terça-feira.
 Terça-feira era o único dia que eu podia sair sozinha da escola, era o único dia que eu não tinha que ir direto pra casa. Se a Tia liberasse a turma mais cedo qualquer outro dia da semana, não fazia a menor diferença pra mim, mas se fosse terça-feira... Ah! Era muita alegria.
Às terças-feiras eram os dias mais felizes da minha infância. Era dia de feira, e se era dia de feira, era dia de passar a tarde toda com vovó, e no finzinho da tarde a bisa aparecia sempre com um docinho pra dar aquele toque especial a ‘Minha Terça-Feira’.
Na barraca da vovó tinha bastante coisa, vários tipos de temperos que só de chegar perto já me fazia espirrar, também tinha castanha, amendoim, camarão seco, e o meu cantinho preferido, o cantinho do café, com bolo e pudim.
Quando eu chegava à rua da feira, a primeira barraca era de dona Solimar que tinha uma irmã gêmea chamada Solange. Elas eram lindas, tinham longos cabelos cacheados e dourados como o sol e usavam óculos redondos de armação colorida. Eu fantasiava que elas moravam em uma daquelas casinhas de bosques que são cercadas por flores e com gnomos no jardim.

Também tinha a dona Xica, dona Lia, que era minha madrinha, e dona Esmeralda. Essas eram as barracas que eu passava antes de chegar à barraca da Vó Lena. E todas as terças-feiras eu falava com cada uma delas, exatamente nesta ordem. Até completar 10 anos e me mudar da minha cidadezinha. Foi quando todas as terças-feiras tornaram-se dias comuns. Sem a magia das gêmeas ‘Sol’,  a doçura da dona Xica, o dengo da madrinha Lia, os beliscões na bochecha que dona Esmeralda me dava com todo carinho e aquele sorriso lindo que a vovó abria ao me ver correndo para os seus braços.



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Descreva sua aparência física na terceira pessoa

Quando a vi pela primeira vez, ela estava deitada na rede da varanda, e segurando um livro junto ao peito encarava o céu.
Os fios de pontas douradas do seu cabelo crespo brincava sobre seus olhos castanhos, mas ela não parecia se incomodar, continuava fitando o céu como se ele lhe dissesse algo, ou como se daquela forma pudesse arrancar respostas dele. 
Seus longos dedos finos entrelaçavam-se no livro, como se por um descuido ele pudesse fugir. Suas pernas, igualmente longas, pendiam preguiçosas e os pés balançavam lentamente, como se dançassem ao som de uma cantiga só deles.
A cor negra da sua pele ficava ainda mais brilhante diante da luminosidade do crepúsculo. E quando me preparava pra ir embora percebi que daqueles grossos lábios, escapara um triste e quase imperceptível sorriso.



|642 coisas sobre as quais escrever

sexta-feira, 18 de julho de 2014

642 Coisas sobre as quais escrever...

Voltamos \o/
 Estou participando do projeto 642 coisas sobre as quais escrever, da Bruna Morgan e postarei a lista completa pelo blog e na page automaticamente que estão paradíssimos mas retomarei as postagens imediatamente.
Beijas de luz <3

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Velha e a Moça #2

- Ela é inteligente. Eles tem muita coisa em comum. Ela entende todas as piadas dele, está sempre tecendo algum comentário relevante sobre a situação da profissão dele na economia do país e do mundo. Ele gosta dos amigos dela, e os amigos dele vivem afirmando que belo par eles formam.
- E por isso você desistiu dele?
- Eu não diria que desisti. Deixei apenas o caminho livre, para que ele percebesse o que era melhor pra ele. Levar em casa a garotinha que seus pais se orgulhariam da companhia no jantar, ou eu.
- Você acha isso justo? Escolher por outra pessoa o que você julga ser  melhor? E nem me venha com "deixei-o escolher", você decidiu e simplesmente foi embora?
- Bem, justo com ele pode até não ter sido. Mas com meu coração foi.
- Convença-me...
- Percebi antes dele, o que estava por vir, logo, pude mudar o rumo da situação.
Assim um não se engana, e o outro não se machuca.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A velha e a moça

-Faz quanto tempo que ele se foi?
- Mais de 10 anos.
- Eu sei como é o vazio que deixam quando se vão, é como um furo em um vestido de seda, jamais será consertado. Eu já perdi pessoas muito importantes em minha vida, e o sentimento de vazio é eterno.
- Porque você é materialista. Ser humano é materialista. Nos importamos muito com sentidos superficiais. Queremos ver, pegar e nos importamos pouco em sentir. Não lamento por ele ter ido, ele cumpriu o papel dele na vida dele, e na minha, chegou a hora ele tinha mais era que ir mesmo. Quando chegar a minha hora não quero ninguém lamentando, é por isso que deixo sempre claro o que me agrada e o que me desagrada, para que minha passagem seja satisfatória pra mim, e para os outros.
- Eu nunca havia olhado desse ângulo.
- Eu não culpo você... Fomos criados para querer cada vez mais, não nos ensinaram-nos a deixar passar, não nos mostraram que é só passagem, fazem com que imaginamos que tudo o que temos é isso, e temos de nos agarrar ao "isso" seja lá o que ele for. Eu demorei 75 anos para aprender, agora eu posso te transmitir com a segurança de quem aceita que a mais clichês das frases é puramente verdadeira: "tudo na vida tem que passar".
- obrigada, e quando for, vá em paz.
- obrigada, e enquanto fica, preste a atenção ao que não cabe em fotografias.

domingo, 16 de junho de 2013

Diálogo #conto

- E se apaixonar?
- O que tem?
- Quantas vezes já aconteceu com você?
- Nenhuma.
- Se já não te conhecesse um pouco, ia duvidar... Só não entendo como você consegue controlar isso.
- Quando você esbarra com uma pessoa que tem algo em comum, você se permite apaixonar-se, ou gostar dela  mesmo que faça isso inconscientemente...
- Não você está errada! - Interrompeu ele - Ninguém pode controlar um sentimento que nasce por outra pessoa.
- Mas pode não alimentá-lo, e deixar que ele morra de inanição.
- Pra quê tanto medo?
Ela retirou um cigarro da bolsa, pegou seu isqueiro com formato de caveira e detalhes de pedras vermelhas, e disse: - Não é medo, é só egoísmo!
- Você quer ser pra sempre só sua?
- A única pessoa que pode me fazer mal, sou eu mesmo. Não vou dar esse gostinho a ninguém.
- Mas o amor faz bem.
- Só a quem sabe lidar com ele.