sábado, 26 de julho de 2014

Tema 3: O que você costumava fazer, porém agora não faz mais?


 Terça-feira.
 Terça-feira era o único dia que eu podia sair sozinha da escola, era o único dia que eu não tinha que ir direto pra casa. Se a Tia liberasse a turma mais cedo qualquer outro dia da semana, não fazia a menor diferença pra mim, mas se fosse terça-feira... Ah! Era muita alegria.
Às terças-feiras eram os dias mais felizes da minha infância. Era dia de feira, e se era dia de feira, era dia de passar a tarde toda com vovó, e no finzinho da tarde a bisa aparecia sempre com um docinho pra dar aquele toque especial a ‘Minha Terça-Feira’.
Na barraca da vovó tinha bastante coisa, vários tipos de temperos que só de chegar perto já me fazia espirrar, também tinha castanha, amendoim, camarão seco, e o meu cantinho preferido, o cantinho do café, com bolo e pudim.
Quando eu chegava à rua da feira, a primeira barraca era de dona Solimar que tinha uma irmã gêmea chamada Solange. Elas eram lindas, tinham longos cabelos cacheados e dourados como o sol e usavam óculos redondos de armação colorida. Eu fantasiava que elas moravam em uma daquelas casinhas de bosques que são cercadas por flores e com gnomos no jardim.

Também tinha a dona Xica, dona Lia, que era minha madrinha, e dona Esmeralda. Essas eram as barracas que eu passava antes de chegar à barraca da Vó Lena. E todas as terças-feiras eu falava com cada uma delas, exatamente nesta ordem. Até completar 10 anos e me mudar da minha cidadezinha. Foi quando todas as terças-feiras tornaram-se dias comuns. Sem a magia das gêmeas ‘Sol’,  a doçura da dona Xica, o dengo da madrinha Lia, os beliscões na bochecha que dona Esmeralda me dava com todo carinho e aquele sorriso lindo que a vovó abria ao me ver correndo para os seus braços.



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