Terça-feira.
Terça-feira era o
único dia que eu podia sair sozinha da escola, era o único dia que eu não tinha
que ir direto pra casa. Se a Tia liberasse a turma mais cedo qualquer outro dia
da semana, não fazia a menor diferença pra mim, mas se fosse terça-feira... Ah!
Era muita alegria.
Às terças-feiras eram os dias mais felizes da minha infância. Era dia de feira, e se era dia de feira, era dia de passar a tarde toda com vovó, e no finzinho da tarde a bisa aparecia sempre com um docinho pra dar aquele toque especial a ‘Minha Terça-Feira’.
Às terças-feiras eram os dias mais felizes da minha infância. Era dia de feira, e se era dia de feira, era dia de passar a tarde toda com vovó, e no finzinho da tarde a bisa aparecia sempre com um docinho pra dar aquele toque especial a ‘Minha Terça-Feira’.
Na
barraca da vovó tinha bastante coisa, vários tipos de temperos que só de chegar
perto já me fazia espirrar, também tinha castanha, amendoim, camarão seco, e o
meu cantinho preferido, o cantinho do café, com bolo e pudim.
Quando
eu chegava à rua da feira, a primeira barraca era de dona Solimar que tinha uma
irmã gêmea chamada Solange. Elas eram lindas, tinham longos cabelos cacheados e
dourados como o sol e usavam óculos redondos de armação colorida. Eu fantasiava
que elas moravam em uma daquelas casinhas de bosques que são cercadas por
flores e com gnomos no jardim.
Também
tinha a dona Xica, dona Lia, que era minha madrinha, e dona Esmeralda. Essas
eram as barracas que eu passava antes de chegar à barraca da Vó Lena. E todas
as terças-feiras eu falava com cada uma delas, exatamente nesta ordem. Até
completar 10 anos e me mudar da minha cidadezinha. Foi quando todas as
terças-feiras tornaram-se dias comuns. Sem a magia das gêmeas ‘Sol’, a doçura da dona Xica, o dengo da madrinha
Lia, os beliscões na bochecha que dona Esmeralda me dava com todo carinho e
aquele sorriso lindo que a vovó abria ao me ver correndo para os seus braços.
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