Hoje parei pra pensar em tudo o que eu não preciso ter, mas
tenho, guardado.
Pensei no Billy, meu ursinho de pelúcia. Pensei nas minhas
camisetas de bandas. Pensei nos papéis de carta, que eu sei que nunca vou usar
mas estão guardadas em uma caixa em cima do guarda roupas, o que me levou a
lembrar do meu caderno do terceiro ano do ensino médio com todas aquelas
figurinhas adesivas que ainda tenho guardado na mesma caixa há sete anos. Todas essas coisas
são coisas que eu sequer lembro que existem em meu dia a dia, exceto o Billy
que fica em cima da cama, mas algo me impede de deixa-las ir.
Sobre coisas que eu não deixo ir, nem todas são materiais, acho
que, como a grande maioria, tenho sentimentos enraizados que deveriam ser
dispersados, mas não são e eu não ando fazendo muita força para que eles voem
se libertem e me liberte. Não é ódio, não é rancor, não é inveja, não são
sentimentos considerados ruins. São sentimentos que já foram bons, me fizeram
bem, mas quando deixaram de ser correspondidos, não sabiam como agir. Eu
desaprendi a lidar com eles, e eles a como se comportar dentro de mim.
Pensei em tentar transferi-los para um dos meus papéis de carta
e dar logo um fim a tudo isso. Mas lembrei que sentimentos não saem de você e
aderem ao papel como tinta de caneta.
Enquanto isso, deixo tudo guardado aqui, não vai virar item de
colecionador mas enquanto eu finjo que não existem não me proporcionam dor.