quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Incertos

Ela entra em silêncio. Bate a porta.
Ele está sentado pensativo.
Ela vai para o banho enquanto ele dá a última olhada na casa.
Era a casa dos seus sonhos, tudo perfeitamente como planejado, até o quarto que aguardava silencioso, vazio e ainda sem formas a chegada de uma criança, estava lá. A área era grande imaginavam as crianças e os cachorros, os adolescentes e os amigos, os filhos e os netos, bisnetos e quem sabe com pouca força mas muita perseverança os tataranetos.
Os dias azuis passaram tão rápido que mal puderam sentir.
Os dias cinzas ainda estavam guardados e frescos em suas respectivas memórias.
- Nada é pra sempre - pensava ela enquanto a água lhe escorria pelo corpo com gotas de sal que lhe escaparam dos olhos.
- Esquecemos de uma coisa - resmungava ele, mas não estava falando do que pôr na mala.
Ele entrou no carro, e com as duas mãos coladas ao volante deu a última olhada pelo retrovisor.
Ela aproximou-se do carro e teve uma súbita lembrança...
-"Vamos querida, iremos nos atrasar". Esperava ele, de terno segurando a porta do carro para que ela adentrasse. -"Já estou pronta amor".Ela surge linda e sorridente indo ao encontro do seu querido.
Uma lágrima escorre.
Ela abre a porta senta-se ereta, não olha para o lado esquerdo, não sabe a expressão que ele tem no rosto nesse momento.
A viagem é longa, mas naquele silêncio gritante parecia uma eternidade.
No aeroporto uma despedida gélida, mal se olharam, mal se cumprimentaram.
Ela seguirá sua vida, tendo desta vez a certeza que já lhe martelava há um tempo. O amor para sempre, não existe.
Ele beberá seus sentimentos, encontrará um apartamento e levará por um bom tempo, a dúvida sobre o que faltara.

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