quarta-feira, 28 de novembro de 2012

In my world...

Aos 22 já vivera mais do que muitos de 55.
Mas não era do seu feitio falar a respeito
Já vira coisas inimagináveis, passara por situações que nenhum ser humano, por menos humano que demonstrasse ser, merecia passar.
Ele entendia o motivo de sua timidez, de sua introversão... Por mais difícil que fosse.
A convivência era aconchegante, gostosa, leve, com poucas palavras, poucas cobranças.
Acostumou-se ao chegar e encontrá-la deitada no chão da sala, com pouco pano sobre o corpo, enfiada em um dos seus livros, cercada por vários outros, Chopin (Op. 25) no último volume, a trilha sonora perfeita que compunha a cena.
Ela sentia sua presença, mas não parecia se importar, ele estava ali de pé próximo ao sofá mais próximo da porta, mas ela sequer se movia.
A mesma cena. Diariamente.
Ele a observava como um pintor tentando descobrir falhas em sua obra, como uma criança que tenta arrancar respostas com os olhos, como alguém que queria apenas descobrir como ser partícipe sem ser invasor de um mundo aparentemente brilhante, que não lhe dava brecha nem para ser nem mero visitante...


Nenhum comentário:

Postar um comentário